Durante décadas, a tecnologia foi erroneamente percebida como um domínio predominantemente masculino. No entanto, cada vez mais mulheres vêm ocupando posições estratégicas em tecnologia e cibersegurança, assumindo papéis de liderança, desenvolvendo pesquisas inovadoras, liderando operações globais de defesa cibernética e se tornando figuras de referência para as novas gerações.
Segundo dados da (ISC)², uma das maiores organizações de certificações em cibersegurança do mundo, as mulheres já representam cerca de 25% da força de trabalho global em cibersegurança (2023), número que vem crescendo a cada ano. Essa presença, ainda minoritária, vem acompanhada de impactos significativos, tanto em termos de inovação quanto de diversidade de pensamento e tomada de decisão.
Mas tudo isso não é ao acaso. No passado, tivemos grandes nomes femininos, conhecidas pelo pioneirismo e inovações na área, que fizeram feitos que moldaram e influenciam até hoje o que conhecemos sobre tecnologia. Estas figuras, se tornaram também grandes influências que deixaram legados para as gerações seguidas.
Neste artigo, vamos te mostrar algumas das mulheres que foram pioneiras no setor de tecnologia, figuras que não apenas romperam barreiras, mas também inspiram o futuro da segurança digital.
1. Ada Lovelace (1815 - 1852)
Considerada a primeira programadora da história, Ada Lovelace foi uma escritora e matemática visionária, que trabalhou ao Charles Babbage na “máquina analítica” — considerada o primeiro modelo de computador mecânico. Em 1843, ela escreveu o primeiro algoritmo da história destinado a ser executado por uma máquina, o que a consagrou como a primeira programadora do mundo. Seu trabalho pioneiro estabeleceu os fundamentos da lógica computacional, essencial para qualquer disciplina de segurança digital.
2. Grace Hopper (1906 – 1992)
Almirante da Marinha dos Estados Unidos e doutora em matemática por Yale, Grace Hopper foi uma das primeiras programadoras do computador Harvard Mark I durante a Segunda Guerra Mundial. Ela também foi a criadora da primeira linguagem de programação de alto nível, COBOL, usada até hoje em sistemas bancários e governamentais.
Hopper introduziu o conceito de "compilador", que transformou a forma como os humanos interagem com as máquinas. O seu legado é vital para a cibersegurança, já que muitos sistemas críticos de infraestrutura ainda rodam em COBOL e requerem manutenção segura e especializada.
3. Adele Goldberg (1945 – presente)
Adele Goldberg é uma das figuras-chave na criação da linguagem Smalltalk, que influenciou profundamente o design de linguagens modernas como Java, Python e Ruby — amplamente usadas em segurança de aplicações. Goldberg foi uma das principais pesquisadoras no Xerox PARC, onde ajudou a desenvolver interfaces gráficas, objetos reutilizáveis e ambientes de desenvolvimento interativos.
Sua contribuição para o conceito de programação orientada a objetos ajudou a tornar o desenvolvimento de software mais modular, seguro e escalável. Esses princípios são hoje aplicados em arquiteturas seguras, isolamento de processos e segurança de código, pilares da cibersegurança moderna.
4. Hedy Lamarr (1914 – 2000)
Além de ser uma estrela de Hollywood nos anos 1940, Hedy foi uma inventora brilhante. Durante a Segunda Guerra Mundial, ela desenvolveu, ao lado do compositor George Antheil, um sistema de salto de frequência (frequency hopping) para proteger comunicações militares contra interferências.
Essa invenção serviu como base para as tecnologias de comunicação sem fio modernas, como Wi-Fi, GPS e Bluetooth — todas fundamentais para a mobilidade digital, mas também para a proteção de dados em redes wireless. Seu trabalho é um exemplo claro de como inovação e segurança andam de mãos dadas. Por isso, Hedy é conhecida por ser a ‘’Mãe do Wi-Fi’’.
5. Elizabeth Friedman (1891 – 1980)
Considera a ‘’mãe da criptologia’’, Elizabeth Friedman foi uma especialista em línguas e literatura, que se tornou uma das maiores criptógrafas do século XX. Trabalhou para o governo dos EUA e decifrou mensagens codificadas usadas por traficantes, gangues de contrabando e agentes do Eixo na Segunda Guerra Mundial.
Elizabeth decifrou mais de 12 mil mensagens criptografadas ao longo de sua carreira e foi peça-chave na formação da criptografia moderna, base da segurança digital. Seu trabalho serviu de modelo para os sistemas de proteção de dados e comunicações seguras usados atualmente.